Business Model (Re)Generation Canvas ajuda empresas a acelerar agenda ESG

Em 2 de agosto de 2023 atingimos o Dia da Sobrecarga da Terra. Ou seja, mais de 4 meses antes de acabar o ano, esgotamos os recursos naturais que o planeta tem a oferecer.

Idealizado pela ONG Global Footprint Network esse é um cálculo entre a pegada ecológica das atividades humanas e a capacidade da Terra de se regenerar e absorver nossa poluição. Segundo esses cálculos, precisaríamos de 1,7 planetas Terra para atender os padrões de consumo atuais da humanidade!

Esses números mostram a urgência em acelerar a criação de negócios regenerativos ou de transformar negócios tradicionais em regenerativos. Com o objetivo de acelerar a agenda ESG nos negócios, a comunidade de prática #ESGprajá, da qual faço parte, se mobilizou para disponibilizar uma ferramenta de modelagem que incorporasse o ESG ao core da atividade empresarial.

Como não fazia sentido criar algo do zero, resolvemos hackear o Business Model Generation Canvas de Alex Osterwalder, uma das ferramentas mais utilizadas no mundo para desenvolver novos modelos de negócio ou desafiar os atuais. Alex é coautor do best seller Business Model Generation, livro que já foi traduzido para mais de 30 idiomas e levou o Canvas a ser uma das ferramentas mais utilizadas no mundo.

Nossa proposta revisita as abordagens de cada um dos 9 quadrantes do modelo Canvas original, com o intuito de repensar negócios para que sejam lucrativos e regenerativos ao mesmo tempo.

Assim nasceu o Business Model (Re)Generation Canvas (BMREG), que foi lançado em 5 de outubro no maior evento de tecnologia e inovação da América Latina, o Rio Innovation Week, que recebeu mais de 100 mil pessoas em uma área de 50 mil metros quadrados na região do Píer Mauá, no Rio de Janeiro.

Repensando os quadrantes com o olhar do ESG

O BMREG é uma ferramenta que foi construída de forma colaborativa e 100% open source, ou seja, quanto mais pessoas o utilizarem, mais rico ele se torna. 

Para construirmos a versão atual, nos dividimos em subgrupos que repensaram as abordagens de cada um dos quadrantes e trouxeram novas provocações. Nesse exercício, ampliamos as questões propostas em relação ao Canvas original e, com isso, renomeamos os quadrantes conforme demonstrado abaixo:

Quadrante 1: De Segmento de clientes para Stakeholders 

Quadrante 2: De Proposta de valor para Propósito de Valor Sistêmico

Quadrante 3: De Canais para Pontos de Contato com Stakeholders

Quadrante 4: De Relacionamento com Clientes para Relacionamentos Regenerativos

Quadrante 5: De Fontes de Receita para Fontes de valor

Quadrante 6: De Recursos-chave para Recursos-chave

Quadrante 7: De Atividades-chave para Atividades-chave

Quadrante 8: De Parceiros-chave para Ecossistema de Negócios Regenerativos

Quadrante 9: De Estrutura de Custos para Estrutura de Custos e Investimentos

Para apresentar de forma mais tangível o trabalho, exemplifico o que foi feito no Quadrante 1, que fala de Segmento de Clientes. Ampliamos essa visão para Stakeholders. Se o Canvas propõe uma investigação criativa das dores do cliente que estão no foco do negócio para pensar em novas oportunidades de produtos e serviços, no BMREG é preciso pensar em todos os stakeholders: clientes, fornecedores, colaboradores, acionistas, e no impacto das comunidades e no meio ambiente. 

Nesse quadrante, a ideia é usar essa ferramenta para pensar a visão de presente e futuro que une o negócio a cada um dos stakeholders e, diante dessa visão, definir as pautas ESG que são relevantes para a empresa e, ao mesmo tempo, valorizadas pelos stakeholders.

Um exercício similar foi feito para os outro oito quadrantes, para que os negócios possam migrar de um modelo tradicional de lucro apenas para os acionistas para um modelo lucrativo e regenerativo para todos os stakeholders.