TikTok Shop vem abocanhando as vendas nos Estados Unidos

O TikTok Shop foi lançado nos EUA, há menos de 1 ano – mais precisamente em setembro de 2023, mas já vem abocanhando boa parte das vendas nos Estados Unidos, junto a Temu e Shein.

A funcionalidade permite que os usuários comprem produtos diretamente no aplicativo. Dentro do TikTok Shop, os compradores podem navegar por várias categorias, incluindo eletrônicos, alimentos, roupas femininas e beleza.

Essa funcionalidade ainda não está disponível no Brasil, previsão de lançamento entre o 2° semestre de 2024 e o começo de 2025, mas promete aí um grande potencial. Somente nos últimos 6 meses, mais de 500 mil sellers se inscreveram para vender no TikTok Shop nos Estados Unidos. 

Até mesmo a Coca-Cola desenvolveu uma bebida para ser comercializada apenas no TikTok. A Happy Tears Zero Sugar é inspirada na “simplicidade das lágrimas de felicidade – uma pequena e clara gota cheia de otimismo e alegria, criada a partir a partir dos pequenos atos de bondade” e está disponível nos Estados Unidos e Reino Unido. 

Para entender todo esse avanço do TikTok Shop e como as marcas podem se beneficiar, conversamos com João Ramirez, CEO da Live Cake – startup de live shopping da B&Partners. 

Acompanhe!

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O TikTok Shop foi lançado há menos de 1 ano, mas já vem abocanhando boa parte das vendas nos Estados Unidos, junto a Temu e Shein. Como você observa esse crescimento dos apps chineses, em especial o TikTok Shop.

João Ramirez: O TikTok Shop é uma disrupção no varejo. Ele junta o entretenimento das redes sociais com os componentes do varejo de imediatismo, as vendas por impulso. É como se fosse uma televendas turbinada. Com a migração da internet do formato tradicional de texto e foto para o vídeo curto e ao vivo, temos um cenário perfeito para impulsionar vendas numa velocidade nunca antes vista em outros métodos ou habilidades do marketing digital.

Ainda está em discussão o possível banimento do TikTok nos Estados Unidos. Como você enxerga o impacto para as marcas, caso isso ocorra? Acredita que o app será banido mesmo?

É difícil prever o futuro. Com a eleição americana se aproximando, o debate político tende a se acirrar e ficar mais polarizado, causando ruídos com empresas globais que não tenham origem americana. Porém, é sabido que é difícil banir uma aplicação comercial em um cenário democrático, com tantos usuários e com tanta influência nos resultados de vendas de milhares de pequenos e médios negócios.

Segundo análise da Earnest, 27% dos compradores do TikTok voltaram para fazer outra compra cinco meses após a primeira compra, ficando atrás somente da Amazon, com 36%. O que mais ajuda a reter no social commerce? 

É sobre comunidade e pertencimento. O TikTok é um lugar. As pessoas frequentam as redes sociais como frequentam praças ou casas de amigos. Quando as vendas acontecem neste ambiente de lazer, o resultado é muito mais frequência e retenção.

Os dados da Earnest ainda mostram que os compradores do TikTok fazem em média uma ou duas compras por mês, com um valor médio de transação de US$ 40. Você acha que o TikTok Shop pode se tornar um lugar para compras por impulso?

Sim, é um lugar de compras por impulso, mas não apenas isso. O ticket médio baixo é uma estratégia para adquirir usuários com um custo de aquisição pequeno no começo. Quando o usuário está acostumado com o modelo, marcas com produtos de ticket médio mais alto podem se aproveitar deste público que já está evangelizado para comprar neste novo ambiente.

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Shoppertainment: tendência ou oportunidade para marcas?

Toda marca pode vender lá? Há algum segmento que tem maior vantagem ou categoria que seja mais fácil vender online assim?

Toda marca que possui representação legal nos Estados Unidos pode vender no TikTok Shop. É uma oportunidade para marcas brasileiras que buscam se internacionalizar e vender para o público americano.

No começo do ano a Coca-Cola desenvolveu uma bebida que seria comercializada somente no TikTok Shop. Como as marcas podem explorar esse canal?

É um lugar para vendas instantâneas. Marcas podem fazer lançamentos de produtos ou testar conceitos numa velocidade muito superior a qualquer outro formato de mídia.

Nos últimos 6 meses, mais de 500 mil sellers se inscreveram pra vender no TikTok Shop. Como você enxerga esse potencial aqui no Brasil, visto que a funcionalidade ainda não está disponível. 

Será um fenômeno. O Brasil tem o cenário ideal para as vendas ao vivo. Temos uma nação de vendedoras e vendedores. É só olhar para o mercado das vendas diretas ou para uma feira livre. Temos o talento para vender e um público early adopter para comprar. Será um momento de ruptura para o comércio eletrônico. Quem não migrar para o comércio em vídeos curtos, lives e afiliados, vai ficar pra trás.

Na sua opinião, qual o segredo para vender bem? Qual lição os creators/influencers devem seguir?

Ter método, ser autêntico e ter talento no improviso. Vender é sobre empatia. As pessoas reais querem interagir com outras pessoas reais. E ter o poder da escuta, venda é 80% escuta e 20% fala. Quanto mais você escutar a audiência, mais vai vender. Todo mundo pode vender ao vivo.

Com base nessa expansão do TikTok Shop, como a Snack/Live Cake tem montando sua estratégia para atender os clientes nos EUA? Qual o maior desafio de operar para fora? Como acompanhar o que ainda nem chegou ao Brasil?

Somos o primeiro parceiro brasileiro homologado pelo TikTok Shop nos Estados Unidos e temos escritório operando com equipe local em Los Angeles. Estamos expandindo rapidamente nossa equipe para dar conta do volume de produção de vídeos compráveis e lives. Em poucas semanas de operação, já entregamos mais de 50 horas de lives e estamos dobrando este número toda semana com novos clientes. 

O que essa experiência internacional agrega para as marcas/clientes aqui do Brasil?

As marcas brasileiras tem a oportunidade de fazer a internacionalização dos seus produtos para os Estados Unidos a partir de uma ferramenta de venda em alta escala como o TikTok Shop e aprender primeiro como será o futuro das vendas digitais nos próximos anos. O Brasil será um pólo das vendas por vídeos curtos e lives nos próximos anos. Chegar primeiro na oportunidade é navegar pelo oceano azul das vendas ao vivo.

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