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Além do Hype: Construindo Agentes de IA que Realmente Funcionam

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Descubra como criar agentes de IA práticos e eficientes, com workflows estruturados e decisões inteligentes.

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Por Redação Publicado em 8 de julho de 2025

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No vibrante e caótico universo da Inteligência Artificial, os “agentes de IA” se tornaram protagonistas. Mesmo com os desafios conhecidos, como as “alucinações”, eles capturam a imaginação corporativa com a promessa sedutora de sistemas autônomos capazes de raciocinar, planejar e executar tarefas elaboradas. Associamos essa capacidade, em muitos casos, a sistemas igualmente intrincados, a arquiteturas e frameworks de ponta. Mas, como em muitas áreas de rápida evolução, a prática no mundo real começa a revelar uma história um pouco diferente e mais acessível.

A Anthropic, startup americana de inteligência artificial, ao colaborar com dezenas de equipes que estão na linha de frente construindo esses agentes em diversas indústrias, observou um padrão recorrente e contraintuitivo: as implementações mais bem-sucedidas não são as mais complexas, mas sim aquelas baseadas em padrões elementares e de fácil combinação, como blocos de construção fundamentais, diretos ao ponto e fáceis de articular. Essa descoberta desafia a noção de que precisamos dominar ferramentas esotéricas ou construir catedrais de código para obter resultados eficazes. Talvez, como na culinária, dominar as técnicas básicas de corte e cozimento seja mais valioso do que ter todos os utensílios exóticos do mercado. A recomendação inicial que ecoa dessa experiência é poderosa em sua natureza direta: começar pelo básico.

Mas antes de combinar padrões, qual é o “motor” fundamental que estamos usando? Surge o termo “LLM Aumentado”, uma versão “turbinada” do LLM, equipada com capacidades essenciais para interagir com o mundo de forma útil. Isso inclui:

  • Recuperação (Retrieval): A habilidade de buscar informações externas, seja em bancos de dados, documentos internos ou na web.
  • Ferramentas (Tools): A capacidade de agir, de interagir com outras APIs, enviar e-mails, executar códigos, enfim, de causar efeitos além da mera geração de texto.
  • Memória (Memory): A capacidade de reter contexto relevante de interações passadas para informar ações futuras.

O ponto crucial é que os LLMs modernos não são apenas repositórios passivos; eles podem ativamente orquestrar o uso dessas capacidades. Para que essa orquestração seja eficaz, é vital que as capacidades sejam relevantes para a tarefa e, fundamentalmente, que possuam uma interface clara para o LLM. O modelo precisa entender, sem ambiguidade, o que cada ferramenta faz e como usá-la corretamente. Preparar esse LLM Aumentado, com as ferramentas certas e uma interface límpida, é o verdadeiro ponto de partida.

Com essa base estabelecida, surge uma das decisões arquitetônicas mais importantes: qual caminho seguir? Um workflow estruturado ou um agente dinâmico

Workflows: A Via da Previsibilidade

Podemos pensar em workflows como receitas bem definidas ou roteiros. Eles orquestram o LLM e suas ferramentas através de passos predefinidos. São a escolha ideal quando a tarefa é bem compreendida, os passos são conhecidos e a consistência é primordial. Dentro dessa abordagem estruturada, existe uma caixa de ferramentas com padrões eficazes:

  • Encadeamento de Prompts: Básico e poderoso. A saída de um passo alimenta o próximo, permitindo dividir tarefas de grande porte em etapas menores e mais gerenciáveis, muitas vezes aumentando a precisão.
  • Roteamento: Como uma central telefônica inteligente. A entrada é classificada e direcionada para o “ramal” certo – um prompt especializado, uma ferramenta específica ou até um modelo de IA diferente (talvez um mais conciso e rápido para tarefas triviais, e um mais robusto para as desafiadoras). Otimiza recursos e desempenho.
  • Paralelização: Executar múltiplas ações ao mesmo tempo. Seja dividindo tarefas independentes para ganhar velocidade (Sectioning), seja executando a mesma tarefa várias vezes com pequenas variações para obter mais confiança ou perspectivas diversas (Voting).
  • Orquestrador-Trabalhadores: Um passo além na flexibilidade estruturada. Um LLM “maestro” analisa a tarefa, a divide dinamicamente em subtarefas e as delega a LLMs “trabalhadores” especializados, sintetizando depois os resultados. Ótimo para quando as subtarefas não são totalmente previsíveis de antemão.
  • Avaliador-Otimizador: Um ciclo de feedback virtuoso. Um LLM gera uma saída, e outro a avalia com base em critérios definidos, fornecendo feedback para que o primeiro refine seu trabalho. Ideal para polir resultados e garantir qualidade em tarefas com padrões claros de “bom”.

Agentes: Navegando na Incerteza

E quando a receita não existe? Quando o caminho é desconhecido, cheio de variáveis e imprevistos? É aqui que os agentes entram em cena. Sua definição característica é a autonomia dinâmica: o próprio LLM direciona o processo, escolhe as ferramentas, adapta o plano com base no feedback que recebe do ambiente (o resultado de uma ferramenta, o sucesso ou falha de um código). Agentes são essenciais para problemas verdadeiramente abertos.

Mas essa liberdade tem um preço. Agentes usualmente implicam maior custo computacional e financeiro, podem ter maior latência e, crucialmente, carregam um risco maior de erros que se acumulam (um passo em falso no início pode desviar todo o processo). Por isso, a Anthropic enfatiza: agentes exigem um nível sólido de confiança no LLM, testes exaustivos em ambientes seguros (sandboxing) e a implementação de limitadores (guardrails) robustos para evitar comportamentos indesejados. 

Aqui, um alerta crucial: não podemos mascarar nosso próprio desconhecimento ou falta de clareza sobre o problema simplesmente rotulando-o como “aberto” para justificar a criação de um agente. Essa é a receita perfeita para o fracasso. Antes de optar pela autonomia de um agente, o planejamento é essencial. Temos clareza cristalina sobre o objetivo? Conseguimos mapear os passos necessários, mesmo que alguns sejam condicionais? Ou estamos apenas transferindo a responsabilidade de definição para a máquina? É fundamental questionar se o problema é genuinamente aberto ou se um workflow bem desenhado, talvez mais elaborado, não seria uma rota mais segura e eficaz.

Essa avaliação crítica deve permear todo o projeto, inclusive na hora de desenhar os prompts e as interações. Devemos nos colocar no lugar do sistema: se recebêssemos as instruções que estamos passando, conseguiríamos executar a tarefa sem ambiguidades? Ou criamos tantas “rotas de fuga” e casos excepcionais que tornamos a decisão quase impossível? É preciso “empatizar” com a necessidade de clareza da máquina, decompondo as instruções e o contexto de forma lógica e inequívoca.

Frameworks: Facilitadores ou Obstáculos?

Nesse cenário, onde se encaixam os populares frameworks (LangChain, Bedrock Agents, etc.)? Eles podem acelerar o desenvolvimento inicial, oferecendo componentes pré-prontos e gerenciando parte da estrutura. Contudo, a conveniência pode vir às custas da clareza. A abstração pode esconder o que realmente está acontecendo, dificultando a depuração quando algo dá errado. Além disso, a abundância de recursos pode tentar ao “overengineering”, construindo algo com mais componentes do que o necessário. O conselho pragmático é começar entendendo os fundamentos, talvez usando as APIs diretamente. Quando usar um framework, é essencial investir tempo para compreender seu funcionamento interno. Evite a “caixa preta”.

A Interface Crucial: O Diálogo entre Agente e Ferramentas (ACI)

Seja construindo um workflow ou um agente, um elemento consistentemente subestimado, mas vital, é a Interface Agente-Computador (ACI). A forma como o LLM interage com suas ferramentas (APIs, bancos de dados, etc.) é tão crítica quanto os prompts que o guiam.

Essa necessidade de projetar interfaces intuitivas para um ‘usuário’ não-humano levanta uma reflexão. Talvez estejamos vendo o nascimento de uma nova especialização dentro do design de experiência (UX), focada especificamente na interação entre máquinas e nas particularidades da ‘cognição’ artificial para garantir que a ACI seja realmente eficaz.

A Anthropic argumenta que devemos dedicar tanto esforço ao design da ACI quanto dedicamos à Interface Humano-Computador (HCI). Isso significa:

  • Descrições Claras: Documentar as ferramentas como se fossem para um colega desenvolvedor, com exemplos e limites bem definidos.
  • Formatos Naturais: Usar formatos de dados e estruturas que sejam familiares ao LLM, evitando arranjos rebuscados que possam confundi-lo.
  • Testes Rigorosos: Observar como o modelo realmente usa as ferramentas, não apenas como achamos que deveria usar.
  • Design à Prova de Erros (Poka-yoke): Modificar os parâmetros ou a estrutura da ferramenta para tornar erros comuns mais difíceis ou impossíveis.

Conclusão: Engenharia Consciente para uma IA Eficaz

No final das contas, a jornada para construir agentes de IA eficazes parece ser menos sobre encontrar a bala de prata tecnológica e mais sobre aplicar princípios sólidos de engenharia. A Anthropic nos lembra de valorizar a clareza estrutural, buscar a Transparência (entender o “porquê” das ações do sistema) e dedicar atenção meticulosa à Interface Agente-Computador.

Não se trata de evitar a elaboração a todo custo, mas de adicioná-la de forma consciente e justificada, preferencialmente de maneira incremental e sempre medindo o impacto. É escolher a ferramenta certa para o trabalho – seja ela um workflow bem definido ou um agente dinâmico – com base em uma compreensão clara do problema e dos trade-offs envolvidos. 
Vale lembrar ainda da importância da verticalização: quanto mais focado e especializado for o escopo do sistema, maiores as chances de ele operar com precisão e assertividade. É um chamado para uma abordagem mais madura, fundamentada e mais eficaz para dar vida à promessa da inteligência artificial funcional e produtizada. Em ambientes corporativos, a confiabilidade dita a adoção: operar com 90% de precisão pode comprometer a confiança e inviabilizar o produto.

Para tornar esses conceitos ainda mais tangíveis e solidificar o entendimento, a melhor forma é ver a teoria em ação. Vamos agora exemplificar de maneira prática alguns dos workflows e abordagens de agentes que a Anthropic destacou em seu artigo, começando pelo fluxo de “Encadeamento de Prompts”.

Para quem deseja explorar cada detalhe e nuance diretamente da fonte original, recomendamos também a leitura do artigo completo da Anthropic, ‘Building Effective AI Agents‘. É um material rico em insights práticos e técnicos.

1. “Prompt Chaining Workflow” (Fluxo de Encadeamento de Prompts)

Vamos transformar esse diagrama de “Prompt Chaining Workflow” em um passo a passo fácil de entender para quem trabalha com Marketing, usando um exemplo prático.

Imagine que você precisa criar uma série de e-mails para uma nova campanha de lançamento de produto.

O Fluxo (Workflow) Passo a Passo:

  1. Entrada (In):

    • O que é? É o ponto de partida. Aqui você fornece as informações iniciais para a IA.
    • Exemplo de Marketing: Você entrega o briefing da campanha: detalhes do produto, público-alvo, objetivo do e-mail (ex: gerar cliques para a página do produto), tom de voz desejado.

  2. 1ª Tarefa da IA (LLM Call 1):

    • O que é? A primeira “missão” que você dá para a Inteligência Artificial.
    • Exemplo de Marketing: Pedir à IA: “Com base neste briefing, escreva 3 opções de rascunho para o primeiro e-mail da campanha, focando em despertar a curiosidade sobre o produto X.”
    • Resultado (Output 1): A IA entrega 3 rascunhos iniciais do e-mail.

  3. Ponto de Verificação (Gate):

    • O que é? Um momento de “checar” se o resultado da etapa anterior está bom o suficiente para continuar. É uma decisão: “Passa” ou “Não Passa”.
    • Exemplo de Marketing: Você (ou outra IA, ou uma regra automática) verifica:
      • O tom de voz está correto?
      • Menciona o produto X?
      • Tem um Call-to-Action (CTA) claro?
      • Está dentro do tamanho esperado?

    • Decisão:
      • Passa (Pass): Sim, os rascunhos atendem aos critérios básicos. Vamos para a próxima etapa!
      • Não Passa (Fail): Não, os rascunhos estão ruins, fora do tom ou incompletos. O processo para aqui (Exit) ou talvez você peça para a IA refazer a Etapa 1 com mais instruções.

  4. 2ª Tarefa da IA (LLM Call 2):

    • O que é? Se o resultado anterior “Passou”, a IA recebe uma nova tarefa, geralmente para refinar ou adicionar algo.
    • Exemplo de Marketing: Pedir à IA: “Pegue a melhor opção de rascunho (Output 1 que passou) e refine-a. Crie duas variações de assunto (título do e-mail) chamativas para teste A/B.”
    • Resultado (Output 2): A IA entrega o corpo do e-mail refinado e duas opções de assunto.

  5. 3ª Tarefa da IA (LLM Call 3):

    • O que é? A IA recebe mais uma tarefa, aproveitando o resultado da etapa anterior.
    • Exemplo de Marketing: Pedir à IA: “Com base no e-mail refinado (Output 2), sugira 2-3 ideias de imagens ou GIFs que poderiam acompanhar este e-mail para torná-lo mais visual.”

  6. Resultado Final (Out):

    • O que é? O produto final de todo o processo, pronto para ser usado.
    • Exemplo de Marketing: Você tem um e-mail de campanha completo e refinado, com opções de assunto para teste A/B e sugestões visuais. Pronto para configurar na sua ferramenta de e-mail marketing!

Por que usar esse fluxo?

Esse fluxo é ótimo para tarefas que podem ser divididas em etapas. Em vez de pedir à IA para fazer tudo de uma vez (o que pode gerar resultados medianos), você a guia passo a passo. Cada etapa é mais focada, tornando o trabalho da IA mais “fácil” e aumentando as chances de um resultado final de alta qualidade e mais alinhado com o que você precisa.

2. “Routing Workflow” (Workflow de Roteamento)


Você tem um chatbot no site da sua empresa ou uma caixa de entrada central que recebe todos os tipos de mensagens dos visitantes e clientes.

O Fluxo (Workflow) Passo a Passo:

  1. Entrada (In):

    • O que é? A nova mensagem que acabou de chegar.

    • Exemplo de Marketing: Um usuário escreve no chat do site: “Olá, gostaria de saber o preço do plano Pro” ou “Estou com problemas para acessar minha conta” ou “Adorei o último post do blog!”.

  2. IA Roteadora (LLM Call Router):

    • O que é? O primeiro contato da IA com a mensagem. A função dela é como a de um recepcionista inteligente: entender do que se trata a mensagem para direcioná-la corretamente.

    • Exemplo de Marketing: A IA lê a mensagem e classifica:
      • “Isto parece uma pergunta de vendas/preço.”
      • “Isto parece um pedido de suporte técnico.”
      • “Isto parece um feedback/comentário geral.”

  3. Caminho 1 (LLM Call 1 – Tratativa de Vendas):

    • O que é? Se a IA Roteadora classificou como “Vendas”.

    • Exemplo de Marketing: Uma IA especializada em vendas entra em ação e gera uma resposta como: “Que ótimo saber do seu interesse no plano Pro! Você pode ver todos os detalhes e preços aqui [link]. Gostaria de agendar uma conversa rápida com nosso time para entender melhor suas necessidades?”

  4. Caminho 2 (LLM Call 2 – Tratativa de Suporte):

    • O que é? Se a IA Roteadora classificou como “Suporte”.
    • Exemplo de Marketing: Uma IA especializada em suporte responde: “Entendo que está com problemas de acesso. Você pode tentar resetar sua senha neste link [link] ou consultar nosso guia de solução de problemas aqui [link]. Se precisar de mais ajuda, me diga!”

  5. Caminho 3 (LLM Call 3 – Tratativa Geral/Engajamento):

    • O que é? Se a IA Roteadora classificou como “Geral”.
    • Exemplo de Marketing: Uma IA focada em engajamento responde: “Ficamos muito felizes que tenha gostado do nosso post! Continue acompanhando nosso blog para mais conteúdos como esse!”

  6. Resultado Final (Out):

    • O que é? A resposta específica e adequada que foi gerada pelo caminho escolhido (Caminho 1, 2 ou 3).
    • Exemplo de Marketing: A resposta mais relevante para a pergunta original do usuário é enviada, seja ela de vendas, suporte ou apenas um agradecimento.

Por que usar esse fluxo?

O Roteamento é ótimo para lidar com situações onde chegam diferentes tipos de “demandas” que são melhor tratadas separadamente. Em vez de ter uma IA tentando responder a tudo (e talvez não sendo ótima em nada), você usa uma IA inicial para “triar” e direcionar para outras IAs ou processos especializados. Isso garante que cada tipo de solicitação receba a atenção e a resposta mais adequada, tornando a comunicação mais eficiente e a experiência do usuário muito melhor.

3. “Parallelization Workflow” (Workflow de Paralelização)

Você acabou de escrever um rascunho de um post de blog importante e quer garantir que ele está bom em vários aspectos antes de publicar.

O Fluxo (Workflow) Passo a Passo:

  1. Entrada (In):

    • O que é? O material inicial que será processado.
    • Exemplo de Marketing: O texto completo do rascunho do seu post de blog. Você também pode incluir informações como o público-alvo e o objetivo do post.

  2. Tarefas Simultâneas da IA (LLM Call 1, LLM Call 2, LLM Call 3):

    • O que é? Aqui está a mágica da paralelização: o mesmo rascunho do blog é enviado para várias IAs ao mesmo tempo, cada uma com uma missão de avaliação diferente.

    • Exemplo de Marketing (Avaliações Paralelas):

      • IA Avaliadora 1 (Foco: SEO): Recebe o texto e analisa: “Este texto está otimizado para os motores de busca? As palavras-chave estão bem usadas? Tem subtítulos claros?” -> Resultado 1: Análise de SEO.

      • IA Avaliadora 2 (Foco: Tom de Voz): Recebe o texto e verifica: “O tom está alinhado com a marca da empresa? É informal/formal o suficiente para o público-alvo?” -> Resultado 2: Análise de Tom de Voz.

      • IA Avaliadora 3 (Foco: Clareza e Engajamento): Recebe o texto e avalia: “A leitura é fácil? A mensagem principal está clara? O texto incentiva comentários ou compartilhamentos?” -> Resultado 3: Análise de Clareza e Engajamento.

  3. Agregador (Aggregator):

    • O que é? Um ponto de encontro que coleta todas as respostas das diferentes IAs que trabalharam em paralelo.
    • Exemplo de Marketing: O sistema junta a Análise de SEO (Resultado 1), a Análise de Tom de Voz (Resultado 2) e a Análise de Clareza e Engajamento (Resultado 3).

  4. Resultado Final (Out):

    • O que é? O resultado consolidado de todas as avaliações.
    • Exemplo de Marketing: Você recebe um relatório completo sobre o seu post de blog, com feedback sobre SEO, Tom de Voz, Clareza e Engajamento, tudo de uma vez. Ele pode mostrar pontos fortes e áreas que precisam de melhoria antes da publicação.

Por que usar esse fluxo?

A Paralelização é ótima quando você precisa de múltiplas perspectivas sobre algo ou quando pode dividir o trabalho para ganhar velocidade. No nosso exemplo de avaliação de conteúdo:

  • Velocidade: Em vez de esperar a análise de SEO terminar para depois pedir a de tom de voz, e assim por diante, tudo acontece ao mesmo tempo. Muito mais rápido!

  • Múltiplas Perspectivas: Você obtém uma visão 360º da qualidade do seu conteúdo, avaliada por “especialistas” diferentes (cada IA focada em um aspecto), o que leva a um resultado final mais robusto e bem-acabado.

4. “Orchestrator-Workers Workflow” (Workflow Orquestrador-Trabalhadores)

Você precisa fazer uma pesquisa de mercado abrangente para entender as últimas tendências e o que os concorrentes estão fazendo em relação a “embalagens sustentáveis para cosméticos”. É uma tarefa ampla e você não sabe exatamente onde encontrar todas as informações.

O Fluxo (Workflow) Passo a Passo:

  1. Entrada (In):

    • O que é? A sua solicitação ou objetivo principal da pesquisa.
    • Exemplo de Marketing: “Pesquisar as últimas tendências, inovações e atividades de concorrentes em embalagens sustentáveis para cosméticos.”

  2. IA Orquestradora (Orchestrator):

    • O que é? Pense nela como a “Gerente de Projeto” da pesquisa. Ela recebe o objetivo amplo, entende o que precisa ser feito e decide dinamicamente quais subtarefas são necessárias e quem (qual IA “trabalhadora”) é a melhor para cada uma.

    • Exemplo de Marketing (Planejamento Dinâmico): A Orquestradora pode decidir que precisa:
      • Identificar 3 concorrentes líderes em sustentabilidade de embalagens.
      • Buscar artigos científicos recentes sobre novos materiais sustentáveis.
      • Analisar menções em redes sociais sobre o que os consumidores pensam de embalagens eco-friendly.
      • Verificar notícias sobre regulamentações recentes.

  3. Tarefas Delegadas às IAs Trabalhadoras (LLM Call 1, LLM Call 2, LLM Call 3…):

    • O que é? A Orquestradora envia as instruções específicas para diferentes IAs “Trabalhadoras”, cada uma talvez especializada em um tipo de busca ou análise.

    • Exemplo de Marketing (Execução das Subtarefas):
      • IA Trabalhadora 1 (Foco: Concorrência): Recebe a tarefa: “Liste 3 marcas de cosméticos reconhecidas por suas embalagens sustentáveis e resuma suas iniciativas recentes.” -> Resultado 1: Resumo dos concorrentes.
      • IA Trabalhadora 2 (Foco: Ciência): Recebe a tarefa: “Busque e sumarize 2-3 artigos científicos dos últimos 12 meses sobre inovações em bioplásticos ou materiais compostáveis para embalagens.” -> Resultado 2: Sumário de inovações.
      • IA Trabalhadora 3 (Foco: Social Listening): Recebe a tarefa: “Analise posts recentes no Twitter e Instagram mencionando ‘embalagem sustentável + cosméticos’ e identifique os principais temas de satisfação ou reclamação dos consumidores.” -> Resultado 3: Análise de sentimento do consumidor.
      • (Poderiam existir outras IAs trabalhadoras para outras subtarefas, como buscar notícias sobre regulamentação).

  4. IA Sintetizadora (Synthesizer):

    • O que é? Esta IA recebe todos os resultados picados das IAs Trabalhadoras. Sua função é juntar tudo.
    • Exemplo de Marketing: Recebe o Resumo dos concorrentes (Resultado 1), o Sumário de inovações (Resultado 2), a Análise de sentimento (Resultado 3), etc.

  5. Resultado Final (Out):

    • O que é? O produto final consolidado e organizado.
    • Exemplo de Marketing: Você recebe um relatório coeso de pesquisa de mercado que combina as informações sobre concorrentes, inovações de materiais, opinião do consumidor e outros dados relevantes sobre embalagens sustentáveis para cosméticos.

Por que usar esse fluxo?

A grande vantagem aqui é a flexibilidade. Para pesquisas complexas ou tarefas onde você não sabe exatamente todos os passos ou fontes de informação de antemão (como em muitas pesquisas de marketing!), a IA Orquestradora pode adaptar o plano “conforme a necessidade”. Ela não segue um script fixo, mas decide quais “trabalhadores” chamar e o que pedir a eles com base no objetivo inicial e, potencialmente, nos resultados parciais que vão chegando. É ideal para investigações mais profundas e multifacetadas.

5. Evaluator-Optimizer Workflow” (Workflow Avaliador-Otimizador)

Neste exemplo, você precisa criar anúncios super eficazes para uma nova promoção, e eles precisam seguir várias regras (limite de caracteres, tom de voz da marca, etc.).

O Fluxo (Workflow) Passo a Passo:

  1. Entrada (In):

    • O que é? As informações iniciais para a criação do anúncio.
    • Exemplo de Marketing: O objetivo da campanha (ex: vender produto Y), o público-alvo, as palavras-chave principais, a oferta, as regras da plataforma de anúncio (ex: limite de caracteres para títulos no Google Ads), e as diretrizes de tom de voz da sua marca.

  2. IA Geradora (LLM Call Generator – “A Criativa”):

    • O que é? A primeira IA entra em ação para criar a versão inicial do texto do anúncio.
    • Exemplo de Marketing: Recebe o briefing e gera: “Rascunho 1 dos títulos e descrições para o anúncio do produto Y.”

  3. Solução Inicial (Solution):

    • O que é? O primeiro rascunho do texto do anúncio criado pela IA Geradora.
    • Exemplo de Marketing: Os textos brutos dos títulos e descrições.

  4. IA Avaliadora (LLM Call Evaluator – “A Crítica/Revisora”):

    • O que é? Uma segunda IA, com um papel diferente: ela pega o rascunho (Solução) e o avalia com base em critérios bem definidos.
    • Exemplo de Marketing: A IA Avaliadora verifica:
      • O texto respeita os limites de caracteres da plataforma?
      • Inclui as palavras-chave importantes?
      • O Call-to-Action (CTA) está claro?
      • O tom de voz está alinhado com a marca?
      • A oferta está bem comunicada?

  5. Decisão e Feedback:

    • O que é? Com base na avaliação, a IA Avaliadora decide se o texto está pronto ou precisa de ajustes.
    • Exemplo de Marketing:
      • Aceito (Accepted): “Sim, o texto cumpre todos os requisitos!” -> O texto vai direto para a Saída (Out).
      • Rejeitado + Feedback (Rejected + Feedback): “Não, precisa melhorar. O título 2 está muito longo, a descrição 1 não tem CTA, e o tom está informal demais.” -> A Avaliadora envia essas críticas de volta para a IA Geradora.

  6. Ciclo de Refinamento (Loop):

    • O que é? Se o texto foi rejeitado, a IA Geradora (“A Criativa”) recebe o feedback da IA Avaliadora (“A Crítica”) e tenta de novo, gerando uma versão melhorada do texto. Essa nova versão volta para a etapa 3 (Solução) e é avaliada novamente (etapa 4). O ciclo continua até a Avaliadora aprovar.

  7. Resultado Final (Out):

    • O que é? O texto final do anúncio, já revisado, otimizado e aprovado pela IA Avaliadora.
    • Exemplo de Marketing: Você tem textos de anúncios prontos para usar na sua campanha, já validados contra as regras da plataforma e as diretrizes da sua marca.

Por que usar esse fluxo?

Este workflow é excelente quando você tem critérios de qualidade bem definidos e sabe que refinar o trabalho iterativamente agrega valor. É como ter um redator (Gerador) trabalhando junto com um editor ou revisor (Avaliador) em tempo real. A IA Avaliadora garante que o resultado final não seja apenas criativo, mas também eficaz, compatível com as regras e alinhado aos objetivos, passando por um controle de qualidade automatizado antes de ir para a “rua”.

Agora vamos explorar o “Autonomous Agent” (Agente Autônomo). Lembrando que a grande diferença aqui é que o Agente não segue um roteiro fixo; ele tem um objetivo e usa suas ferramentas e capacidade de raciocínio para decidir os próximos passos dinamicamente, aprendendo com o ambiente. Isso é ideal para problemas mais abertos e imprevisíveis, onde um workflow não daria conta.

Aqui estão 3 exemplos de Agentes Autônomos aplicados ao Marketing, tentando conectar com os temas dos workflows anteriores, mas com um escopo muito mais aberto:

Exemplo 1: Agente de Otimização Contínua de Campanhas (Conectado a “Ad Copy/Evaluator-Optimizer”)

  • Objetivo Aberto Dado ao Agente: “Gerencie nossa campanha ‘Promoção de Verão’ no Google Ads e Meta Ads durante todo o mês. O objetivo é maximizar as conversões (vendas) mantendo o CPA (Custo por Aquisição) abaixo de R$ 50,00 e sem exceder o orçamento total de R$ 10.000. Monitore o desempenho diariamente, ajuste lances, orçamentos diários, pause/ative palavras-chave ou públicos, e, se necessário, solicite e teste novas variações de criativos (anúncios) quando o desempenho dos atuais cair. Reporte ações significativas e resultados semanais.”

  • Por que é um Agente (e não Workflow)?
    • Imprevisível: É impossível prever quantos ajustes serão necessários, quais exatamente (lance? texto? público?), ou quando (depende do desempenho em tempo real, ações da concorrência, etc.). Um workflow não conseguiria ter todos esses caminhos pré-mapeados.

    • Decisão Dinâmica: O Agente precisa constantemente:

      1. Coletar Dados: Usar APIs do Google/Meta para ver performance (Ferramenta).
      2. Analisar: Interpretar os dados (Raciocínio LLM). O CPA está subindo? O CTR caiu? Qual grupo de anúncio está ruim?
      3. Decidir Ação: O que fazer? Aumentar lance? Pausar palavra-chave X? Realocar orçamento para o anúncio Y? Pedir novo texto (talvez até chamando um workflow Avaliador-Otimizador como ferramenta)?
      4. Executar Ação: Usar APIs para fazer a mudança na plataforma (Ferramenta).
      5. Monitorar Feedback: Verificar o resultado da ação nos dias seguintes (Feedback do Ambiente).
      6. Repetir: Continuar o ciclo.

  • Workflow Insuficiente: Um workflow poderia criar um anúncio ou puxar um relatório, mas não poderia gerenciar ativamente a campanha com decisões complexas e adaptativas em tempo real durante um mês inteiro.

Exemplo 2: Agente de Monitoramento Proativo de Tendências e Oportunidades (Conectado a “Market Research/Orchestrator-Workers”)

  • Objetivo Aberto Dado ao Agente: “Monitore continuamente a internet (notícias, blogs, redes sociais, fóruns, lançamentos de concorrentes) sobre o tópico ‘IA para Pequenas Empresas’. Identifique tendências emergentes, novas dores ou necessidades do público, tecnologias promissoras ou movimentos de concorrentes que representem uma oportunidade ou ameaça significativa para nossa empresa. Analise a relevância, sintetize os achados e proponha possíveis ações de marketing ou conteúdo para capitalizar sobre as oportunidades.”

  • Por que é um Agente (e não Workflow)?

    • Imprevisível: O que vai surgir? Uma nova ferramenta? Uma reclamação viral? Uma lei? Um concorrente lançando algo? Não há como prever as “entradas”.

    • Decisão Dinâmica: O Agente precisa:
      1. Monitorar: Usar ferramentas de busca e social listening (Ferramentas).
      2. Filtrar e Analisar: Identificar sinais relevantes em meio a muito ruído, entender o contexto e o impacto potencial (Raciocínio LLM). Isso é uma tendência real ou só barulho? É uma oportunidade?
      3. Investigar Mais: Talvez fazer buscas adicionais para aprofundar um tópico promissor (Decisão + Ferramenta).
      4. Sintetizar e Propor: Resumir o achado e sugerir ações concretas (Ex: “Criar um post sobre X”, “Investigar parceria com Y”, “Alertar time de produto sobre Z”).

  • Workflow Insuficiente: Um workflow Orquestrador-Trabalhadores poderia fazer uma pesquisa específica (“liste concorrentes de IA para PMEs”). Mas não poderia fazer esse monitoramento contínuo, interpretativo e proativo para identificar oportunidades inesperadas e sugerir ações estratégicas.

Exemplo 3: Agente de Personalização Dinâmica da Jornada do Cliente (Conectado a “Routing”)

  • Objetivo Aberto Dado ao Agente: “Acompanhe a jornada do usuário ‘João Silva’ (e outros) em nossos canais digitais (site, app, e-mails). Com base no comportamento dele em tempo real (páginas visitadas, e-mails abertos, vídeos assistidos, interações com suporte), adapte dinamicamente as próximas comunicações e ofertas para maximizar a chance de conversão para o produto ‘Plano Premium’, respeitando as regras de frequência de contato.”

  • Por que é um Agente (e não Workflow)?

    • Imprevisível: A jornada de cada usuário é única e não linear. Qual página ele visitará a seguir? Ele abrirá o email? Clicará no link? É impossível mapear todas as combinações.

    • Decisão Dinâmica: O Agente precisa:

      1. Coletar Dados: Integrar dados de diferentes fontes (Analytics, CRM, Plataforma de Email) em tempo real (Ferramentas).
      2. Analisar Comportamento: Entender o estágio da jornada do João, seus interesses recentes, possíveis objeções (Raciocínio LLM).
      3. Decidir Próxima Ação: Qual a melhor comunicação agora? Enviar email com case de sucesso? Mostrar um pop-up com desconto no site? Sugerir um artigo de blog relevante? Esperar? (Decisão).
      4. Executar Ação: Disparar o email, configurar a personalização no site (Ferramentas).
      5. Monitorar Resposta: João abriu o email? Clicou? (Feedback do Ambiente).
      6. Ajustar: Recalcular a próxima melhor ação com base na resposta.

  • Workflow Insuficiente: Um workflow de Roteamento poderia direcionar um email com base em uma única classificação (“é cliente” ou “não é cliente”). Mas não conseguiria fazer essa adaptação contínua e multicanal da jornada com base em um fluxo complexo e imprevisível de comportamento do usuário em tempo real.

Com esses exemplos em mente, desde os workflows mais estruturados até a dinâmica dos agentes autônomos, fica o convite final à reflexão sobre os desafios e objetivos específicos de cada contexto de marketing. Onde a previsibilidade e a eficiência de um workflow podem ser a solução ideal? E em quais cenários a capacidade de adaptação e a autonomia de um agente se tornam verdadeiramente necessárias? Avaliar criticamente a natureza do problema e escolher a abordagem correta, começando sempre pelo mais simples e adicionando complexidade de forma consciente, é o caminho para construir soluções de IA que não apenas funcionam, mas que entregam valor real e confiável.

Por Just A Little Data, consultoria de dados e CRM do ecossistema B&Partners.

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