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Hiperconectividade e Cultura do Trabalho: Estudo Eixo

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Entenda os impactos da hiperconectividade na cultura do trabalho, produtividade e saúde mental, com insights do estudo exclusivo da Eixo.

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Por Bianca Sousa Publicado em 19 de dezembro de 2024

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A hiperconectividade é uma característica marcante do ambiente profissional moderno, que tem transformado radicalmente a maneira como trabalhamos e vivemos.

Esse fenômeno, impulsionado pela transformação digital, introduziu novos desafios, como o impacto na saúde mental no trabalho, o aumento da síndrome de burnout e mudanças na percepção da produtividade. Além disso, modelos como o trabalho remoto ganharam espaço, redefinindo o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Confira os principais insights do estudo da Eixo, empresa do ecossistema B&Partners, sobre o tema.

A hiperconectividade transforma o trabalho, mas desafia a produtividade e a saúde mental

A hiperconectividade transforma o trabalho, mas desafia a produtividade e a saúde mental. | Foto: Pexels/cottonbro studio.

Os impactos da hiperconectividade na produtividade e saúde mental

A constante conexão digital trouxe um paradoxo ao mundo corporativo: enquanto permite maior agilidade e integração, também sobrecarrega os profissionais com demandas incessantes. Reuniões virtuais, e-mails e mensagens instantâneas consomem boa parte do dia, reduzindo o tempo para tarefas que exigem concentração.

Nas redes sociais, a hiperconectividade atinge outro nível. As plataformas são projetadas para estimular a liberação de dopamina, criando um ciclo vicioso de recompensas rápidas que levam ao uso excessivo. Segundo a Forbes, aproximadamente 21% da população adulta sofre de nomofobia (medo irracional de ficar longe do celular), enquanto 71% apresentam sintomas moderados. Esse comportamento impacta diretamente a produtividade e contribui para um estado de alerta constante que esgota os profissionais.

Em um estudo feito por Michael Rothberg, do Baystate Medical Center, nos Estados Unidos, 68% dos participantes relataram já ter experimentado o “toque fantasma”, a sensação de que o telefone vibrou ou tocou, quando, na verdade, isso não ocorreu. Esses estímulos, causados pela hiperconectividade, minam a produtividade e o foco.

Além disso, os impactos na saúde mental no trabalho são alarmantes: Segundo a International Stress Management Association (ISMA-BR), o Brasil ocupa o segundo lugar mundial em casos de burnout, e aproximadamente 33% dos funcionários brasileiros sofrem de transtornos mentais severos ou extremamente severos.

Esse quadro é agravado pelas redes sociais, que se tornaram uma fuga da realidade em contextos de alta pressão. No entanto, esse escapismo contribui para o isolamento e a perda de relações interpessoais significativas.

Essas questões psicológicas representam um custo significativo, estimado em R$ 397,2 bilhões por ano para as empresas, devido à perda de engajamento, absenteísmo e baixa eficiência.

Como destaca Júlia Sobral, co-CEO & Partner da Eixo:

“As pessoas estão adoecendo fisicamente no mundo do trabalho não apenas por conta do estresse, mas porque, dentro dessa lógica de performance contínua, elas param de se enxergar como pessoas. A tecnologia evolui, mas a saúde dos trabalhadores tem piorado. Não conquistamos mais liberdade, o que vemos é o aumento do monitoramento e da fiscalização.”

E como o antropólogo Roberto DaMatta observa: “Estamos falando da estrutura, do esqueleto do Brasil, e o esqueleto não muda facilmente.” Essa reflexão aponta a necessidade de intervenções mais robustas nas organizações.

A “infoxicação”, ou sobrecarga de informações, é outro efeito da hiperconectividade. O excesso de estímulos digitais prejudica a capacidade de concentração e contribui para crises de atenção. Essa falta de foco tem impacto direto na produtividade, tornando essencial o uso consciente da tecnologia e a priorização de pausas regulares durante a jornada de trabalho.

Transformação digital e o trabalho remoto: desafios e oportunidades 

A transformação digital trouxe tecnologias como inteligência artificial, automação de processos e ferramentas colaborativas, otimizando as operações e acelerando a adoção do trabalho remoto. Entre 2022 e 2023, houve um aumento de 3,5 para 4,2 dias de trabalho remoto por semana, em média.

Hoje, segundo estudo da FGV, mais da metade dos trabalhadores acreditam que sua produtividade aumentou nesse modelo, mas muitas empresas ainda percebem o home office como contraproducente. Essa percepção negativa está relacionada ao aumento de reuniões virtuais e e-mails, que frequentemente interrompem as “horas de foco”.

Nesse modelo, a linha entre vida profissional e pessoal ficou ainda mais tênue, principalmente com a intensificação do uso das redes sociais no ambiente de trabalho.

Segundo Júlia Sobral, há complexidades significativas para o trabalho criativo:

“Estamos falando de uma sobrecarga de informações, onde o excesso de estímulos pode dificultar a concentração e a geração de ideias originais. A criatividade é aflorada quando fazemos conexões genuínas, vivemos experiências marcantes e temos contato com arte, literatura e outras culturas. Isso não pode ser perdido.”

O Brasil já possui uma das maiores jornadas semanais de trabalho no mundo, com uma média de 44 horas, acima da média global de 38,2 horas. Esse excesso pode exacerbar os problemas associados à hiperconectividade, como a dificuldade de desconexão e a falta de limites entre vida pessoal e profissional.

Por outro lado, o trabalho remoto oferece oportunidades valiosas. Ele permite maior flexibilidade, reduz o tempo gasto em deslocamentos e melhora a qualidade de vida para muitos profissionais.

Como Júlia complementa, um caminho possível para usufruir melhor desses benefícios é a personalização de programas de bem-estar:

“Podemos usar a tecnologia e ferramentas de inteligência artificial para construir programas personalizados, com avaliações individuais que identifiquem os desafios de cada colaborador. A cultura organizacional deve valorizar a auto-gestão e promover líderes engajados, que comecem a mudança por si mesmos.”

No entanto, para equilibrar essa dinâmica, as empresas devem adotar práticas que promovam um uso mais saudável da tecnologia, como a “cultura do desligar”, que incentiva pausas regulares e estabelece limites claros para notificações fora do horário de expediente.

Quando se trata das redes sociais, apesar dos desafios, elas podem oferecer oportunidades valiosas quando utilizadas de forma consciente. Elas facilitam o networking, ampliam a visibilidade das empresas e fomentam novas formas de colaboração entre equipes. Contudo, para que esses benefícios não se transformem em sobrecarga, é fundamental a criação de políticas claras que priorizem o equilíbrio entre conexão e desconexão, garantindo a saúde mental e a produtividade dos colaboradores.

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Um futuro equilibrado na Era da hiperconectividade

A hiperconectividade trouxe avanços significativos para o ambiente de trabalho, mas também expôs vulnerabilidades que precisam ser enfrentadas.

Empresas que investem em estratégias para proteger a saúde mental no trabalho, combater o burnout e otimizar a produtividade se destacam em um cenário cada vez mais competitivo. Como destaca o estudo, a perda global de 12 bilhões de dias de trabalho anualmente devido à depressão e ansiedade reforça a importância de ações concretas.

Apesar dos desafios, a hiperconectividade oferece oportunidades de transformação quando abordada com estratégias equilibradas. Modelos como o trabalho remoto e a transformação digital podem impulsionar inovações e melhorar a qualidade de vida, desde que as empresas conciliem o bem-estar e a eficiência. 

Para entender melhor os impactos da hiperconectividade no trabalho e explorar soluções práticas, acesse o estudo completo da Eixo clicando aqui.

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