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Finfluencers: do boom à regulamentação
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Os finfluencers são uma peça vital, porém muitos estão filiados a alguma instituição financeira, o que pode enviesar recomendações.
Por admin Publicado em 12 de dezembro de 2023
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Nos últimos 5 anos, cresceu muito o número de perfis de influenciadores digitais de finanças. Hoje, os intitulados finfluencers, são 515 atingindo 176 milhões de seguidores nas redes sociais. Se por um lado esse aumento de posts sobre o tema pode instruir quem quer começar a investir, de outro ampliou o espaço para propaganda e também golpes.
De olho nesse mercado em expansão, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) realizou a quinta edição do levantamento “Finfluence – quem fala de investimento nas redes sociais”.
Além disso, a associação definiu regras para a contratação de influenciadores de investimentos para garantir mais transparência ao investidor sobre as relações entre distribuidores e influenciadores.
“Se a gente considerar de que hoje o investimento também chegou a muito mais pessoas do que antigamente, os influenciadores são uma peça vital hoje desse mercado. Praticamente o mercado financeiro não vive sem esses influenciadores digitais. A grande questão que a gente tem que levar em conta é que a maioria está se filiando ou se filia durante um tempo a alguma instituição financeira, o que de certa maneira pode comprometer e as recomendações podem ficar enviesadas”, avalia Vitor Knijnik, sócio-fundador da Snack.
Continue no artigo para conferir as regras e os principais finfluencers.
Regras da Anbima para influencers de investimentos
As regras para influenciadores de investimentos passaram a valer a partir de 13 de novembro, sendo que os finfluencers têm que informar, por escrito ou verbalmente, quando a “dica” de investimento se trata de uma publicidade.
Além disso, passa a ser imprescindível que o nome da companhia seja citado pelo contratado. Também é considerada válida a adição de hashtags mencionando minimamente que se trata de publicidade e vinculando ao distribuidor (#parceria e #nomedainstituição).
“Eles estão precisando se submeter ao que os outros players da informação do mercado financeiro já se submetem. E isso diz muito da influência crescente deles. Se a gente considerar que o mercado financeiro, principalmente o mercado de investimentos, o que ele te vende é recomendação e informação qualificada”, comenta Vitor.
Segundo a Anbima, as instituições são corresponsáveis pelo conteúdo das publicações contratadas. Ou seja, as empresas devem garantir que o influencer tenha as certificações ou autorizações necessárias caso esteja desempenhando alguma atividade regulada, como recomendação ou análise de produto.
Perfil dos finfluencers
Em três anos, quase duplicou o total de influenciadores digitais, passando de 266 no segundo semestre de 2020 para 515 no primeiro semestre de 2023. E quando olhamos o número de seguidores, o crescimento foi de 74 milhões para 176 milhões.
De acordo com o levantamento “Finfluence – quem fala de investimento nas redes sociais”, elaborado pela Anbima em parceria com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), o X (antigo Twitter) manteve o reinado como o mais usado pelos influenciadores de investimentos, concentrando 45% das publicações. Em seguida, ficam o Instagram (21%), o Facebook (18%) e o YouTube (16%).
Dividindo por cada mídia, a Anbima elegeu os cinco influenciadores pessoas físicas mais relevantes. Bruno Perini, do Você Mais Rico, lidera a lista no YouTube, enquanto Carol Dias, do Riqueza Em Dias, ficou em primeiro lugar no ranking do Instagram. O grande destaque da lista no X é o Economista Sincero, e no Facebook é Hermann Greb.
Já no ranking de influenciadores pessoas físicas, Economista Sincero, O Primo Rico e Tiago Guitián Reis foram eleitos como mais relevantes.
Entre as contas lideradas por empresas, o destaque fica com os portais especializados, que somam seis influenciadores. Os produtores de conteúdo aparecem em duas posições, assim como as casas de análises.
Confira aqui o estudo completo da Anbima.
Papel na educação financeira
Hoje no Brasil, apenas 3% da população investe na Bolsa de Valores. Dados da B3 sobre o 1º semestre de 2023, indicam um total de 17,6 milhões de investidores, sendo 5,3 milhões em renda variável.
Por outro lado, de acordo com Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, 71 milhões de pessoas estão inadimplentes no Brasil hoje, valor que representa cerca de 43% da população adulta do País, com dívidas médias entre R$ 4.600 e R$ 4.700.
O tema da educação financeira não está na grade curricular da maioria das escolas no Brasil. Tamanha é a importância que nos últimos anos vimos explodir o número de publicações que explicam como investir.
É sabido que informação sobre investimento você pode ter de diversas fontes que sempre existiram como os papers, os bancos ou mesmo os jornais dedicados. Entretanto, Vitor destaca um ponto que considera como uma grande “mágica” essa contribuição dos finfluencers.
“A educação financeira nunca foi tão disseminada, inclusive para elite, os próprios filhos da elite do Brasil não tiveram educação financeira formal num colégio ou instituição de ensino. Eu acho que a grande contribuição que os influencers estão trazendo então é disseminar essa ideia de que a educação financeira é um dos pilares para uma vida saudavelmente financeira, saudável como um todo. Não há pessoa que possa escapar da necessidade da educação financeira e nesse sentido eu acho que eles são muitos bons porque eles têm a linguagem do meio e eles ensinam sem as pessoas perceberem que estão recebendo esses ensinamentos”.
De olho no que recomendam
Os finfluencers costumam compartilhar dicas de investimento e conselhos financeiros. Mas como será que os consumidores podem avaliar a credibilidade e a expertise desses influenciadores?
O sócio-fundador da Snack explica que é sempre importante observar se essas pessoas estão falando em nome de uma instituição, porque isso às vezes não fica tão claro, se elas tem independência para falar aquilo. “Também precisa examinar da onde vieram essas pessoas, qual o currículo delas, da mesma maneira que muitas vezes a gente usa esses critérios para analisar os veículos de comunicação. Da onde vem a credibilidade de alguns veículos de comunicação também vem do seu passado, da sua reputação construída através dos anos. Eu acho que com os influencers também não é diferente”.
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