Cenário Econômico 2024+

2023 está quase no final e todo empreendedor precisa entender o que está acontecendo no mundo e as perspectivas do cenário econômico para 2024. Uma certeza é que o dinheiro está escasso e há uma mudança no padrão de riqueza com o capital intelectual, conforme apontou Artur Wichmann, CIO da XP Private e ex-sócio da Verde, durante o Partner Summit, evento da B&Partners. 

“Como a tecnologia está mudando a forma de construir estratégia. Você consegue ter uma empresa de 1 trilhão de dólares que não tem um ativo físico, só tem capital intelectual. Isso nunca existiu na história do capitalismo e hoje quase todas empresas de valuation acima de 1 trilhão de dólares são de capital intelectual”. 

Para Artur, é importante olhar a taxa de juros dos Estados Unidos porque ela que ajuda a precificar um ativo. Atualmente, a taxa de juros americana está no intervalo de 5,25% a 5,50%, nível mais elevado em 22 anos. 

“A gente saiu de um juros zero para o mais próximo hoje e de 2008. Eu, como empreendedor e sócio da XP, não me prepararia para um mundo com taxa de juros zero. A gente tem se preparado horrores por pressão de capital, onde levantar capital é mais difícil e o custo é mais caro”. 

Leia também: 
O potencial do empreendedorismo coletivo

Brasil Futuro = Passado? 

Desde que entrou no mercado de trabalho em 02/05/1994, Artur viu o PIB crescer 1,24% ao ano, segundo seus cálculos. 

“Uma tragédia pelo potencial que o Brasil tem. O Brasil é um país de crescimento baixo estrutural, mentira. De 1900 a 1970 o Brasil foi o que mais cresceu no mundo. A gente tem vocação para investimento, mas infelizmente nos últimos 40 anos perdeu o caminho”. 

O que está por trás do crescimento baixo? 

Segundo Artur, a resposta está no ranking da competitividade do Fórum Econômico Mundial. De um total de 141 países, o Brasil ocupa a 71ª posição. Quando o critério é o peso do governo, o país fica um último colocado. 

“Não tem país no mundo que tenha se desenvolvido no qual a atividade empresarial seja tão difícil. Ou seja, primeiro, existe país no mundo que tenha se desenvolvido com base única e exclusivamente nos seus governos. Segundo, o empresário brasileiro tem carregado, correr uma maratona carregando uma mochila de 50 kg de pedra nas costas”. 

Em relação a Reforma Tributária, Artur considera que os ganhos possam não ter tão grandes por conta das diversas etapas. “O regime tributário do Brasil é o mais complicado do mundo. Empreender no Brasil é um marco de coragem”. 

Em 2019, foi o periodo de maior estabilidade da Selic desde que foi criada. A taxa de juros era 6,5% e inflação estava na meta. “Esse aqui é o juros de equilíbrio do Brasil. E olha que 6,5% nem é tão baixa assim. E a gente vê o potencial que a gente pode ter, tanto o estado brasileiro quanto o setor privado. Aqui foi o período de maior inovação da economia brasileira. Foram aqui que surgiram vários novos negócios, teve crescimento do setor de saúde, setor digital se desenvolveu e Mercado Livre fez milhões de investimentos em logística”, afirma o ex-sócio da Verde.  

A economia da informação

Desde o pós-Revolução Industrial, houve um processo de mudança na base produtiva e na sociedade. A velocidade de mudança é digital e não analógica, como Artur comenta. “Quanto mais uso o tênis, pior ele fica. Quando mais uso o Waze, melhor ele fica”. 

Artur até lançou uma pergunta: Darwin investiria na Apple ou na Amazon? “Não é o mais forte que sobrevive, mas sim o mais adaptado. A Amazon não tem business plan de 5 anos. Eles tentam 1000 coisas ao mesmo tempo e reforça o que dá certo rápido. Tentativa e erro rápido. Já a Apple terceiriza até a produção. É fábrica só de design”. 

Em relação ao uso da Inteligência Artificial (IA), o CIO da XP Private acredita que estamos de frente igual ao surgimento da eletricidade por Thomas Edson. “Ela é uma tecnologia a partir do qual milhões de outras tecnologias vão se desenvolver. O mundo vai mudar profundamente e você está vendo o surgimento de uma nova tecnologia de propósito geral”.