Geração Z vs Geração Alpha: como as novas gerações estão mudando o mundo
Por Giovanna Vitoria
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Um olhar profundo sobre comportamento digital, privacidade de dados e o impacto das novas gerações na tecnologia.
Por Giovanna Vitoria Publicado em 19 de novembro de 2025
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A análise sobre Geração Z vs Geração Alpha se torna essencial diante das rápidas transformações tecnológicas, culturais e sociais. Embora compartilhem um ambiente hiperconectado, essas diferenças entre gerações moldam comportamentos únicos e impactos profundos no futuro da sociedade. Para aprofundar esse debate, realizamos uma entrevista com Denys Fehr, CEO da Just a Little Data, que compartilhou percepções sobre tecnologia, consumo, comportamento e privacidade de dados nas novas gerações.
Como a Geração Alpha, que cresce com assistentes de voz e IA, pode redefinir a forma como os dados são coletados e utilizados no CRM?
Denys: A questão vai além do CRM e toca diretamente na coleta e no processamento de dados. O impacto disso pode ser observado em alguns pontos essenciais:
Interação Natural e Implícita: Diferente das gerações anteriores, que precisavam digitar ou buscar ativamente informações, a Geração Alpha interage com a tecnologia de forma intuitiva e conversacional. Isso significa que a coleta de dados será cada vez mais baseada em interações de voz, gestos e comportamento passivo. Os dados serão mais ricos e contextuais, mas também mais complexos de serem extraídos, pois estarão diluídos nessas interações. Em vez de formulários tradicionais, o desafio será interpretar diálogos e contextos para obter insights.
Maior volume e qualidade de dados: Com dispositivos sempre ativos, smart speakers, assistentes em wearables, realidade aumentada, câmeras, sinais de Wi-Fi, os dados não serão apenas transacionais, mas também comportamentais e emocionais. Será possível capturar tom de voz, expressões faciais, preferências em tempo real e até padrões de deslocamento e geolocalização.
Personalização extrema vs. Expectativa de controle: A Geração Alpha crescerá esperando experiências altamente personalizadas, o que exigirá o uso intensivo de IA para antecipar necessidades antes mesmo de serem expressas. Ao mesmo tempo, essa personalização extrema trará um dilema: como criar conexões profundas com o consumidor sem invadir sua privacidade? Além disso, essa geração pode exigir maior transparência e controle sobre seus próprios dados, impulsionando novas formas de consentimento e governança, Web3 deve ter um papel importante nesse contexto.
Privacidade é prioridade: Diferente das gerações anteriores, que muitas vezes compartilham dados sem questionar, a Alpha tende a ser mais consciente sobre privacidade. Isso ocorre porque seus pais (Millennials e Gen Z) experimentaram os desafios da exposição digital e das redes sociais. Como resultado, podemos ver um avanço em padrões de anonimização, descentralização de dados e modelos dinâmicos de consentimento.
A Geração Z já pressiona marcas por transparência e ética digital. Como essa demanda pode se intensificar com a Geração Alpha e impactar a privacidade de dados?
Denys: A Geração Z (e, na verdade, todas as anteriores hoje) já está impulsionando mudanças significativas ao exigir transparência, ética digital e responsabilidade no uso de dados. No entanto, a Geração Alpha, crescendo em um ambiente ainda mais imersivo e hiperconectado, tende a amplificar essa demanda de maneiras que podem redefinir completamente a privacidade de dados.
Aqui estão alguns pontos sobre como essa exigência pode se intensificar com a Alpha:
Consciência digital desde a infância: Enquanto a Geração Z aprendeu sobre privacidade digital ao longo da vida, muitas vezes após incidentes de vazamento de dados ou exposições indesejadas, a Geração Alpha cresce com pais mais atentos à segurança digital e à educação sobre dados desde cedo. Isso pode levar a uma postura ainda mais crítica e exigente sobre como as marcas coletam e utilizam informações para engajamento.
Pressão por consentimento dinâmico: A Geração Alpha pode esperar um modelo de privacidade mais flexível e interativo, com permissões ajustáveis em tempo real, em vez de um simples aceite em um “termo de uso”. Isso pode forçar as marcas a oferecer experiências mais transparentes e acessíveis, talvez até utilizando IA para explicar decisões algorítmicas de forma compreensível.
Descentralização e controle pessoal dos dados: Com o avanço de tecnologias como Web3 e computação descentralizada, a Alpha pode impulsionar um modelo no qual os próprios usuários mantêm e controlam seus dados, decidindo como compartilhá-los e, possivelmente, até sendo recompensados por isso. Esse cenário pode transformar completamente o mercado de dados pessoais.
Rejeição e práticas invasivas: Se a Geração Z já pressiona marcas por práticas éticas, a Alpha pode simplesmente boicotar empresas que violam sua privacidade. Algoritmos secretos, coleta excessiva de dados e uso indevido de informações podem se tornar fatores decisivos na escolha de produtos e serviços. Eles querem hipersegmentação, exclusividade e personalização, mas sem exploração ou invasão. Como equilibrar isso? Ainda não há respostas definitivas. Pequenas iniciativas têm surgido, mas ainda com mais propósito do que retorno financeiro direto.
Impacto na privacidade de dados: As empresas precisarão ser mais proativas na transparência e oferecer formas claras e acessíveis de gestão da privacidade. Tecnologias como IA explicável e design de privacidade por padrão devem se tornar obrigatórias. Além disso, a legislação pode se tornar ainda mais rígida, impulsionada pela crescente pressão social por proteção digital.
Com o aprendizado personalizado via tecnologia, a Geração Alpha pode ter menos tolerância a experiências genéricas. Como isso desafia as estratégias de segmentação no CRM?
Denys: A Geração Alpha está crescendo em um mundo onde a personalização não é mais um diferencial, mas uma expectativa básica. Para as marcas, isso significa que a busca pela hiperpersonalização precisa ser constante.
No entanto, essa nova realidade desafia as estratégias tradicionais de segmentação no CRM, que ainda se baseiam em clusters demográficos e comportamentais. Para a Alpha, essa abordagem pode parecer genérica e impessoal, forçando as empresas a repensarem como personalizam suas interações.
O conceito de 1-to-1 marketing já é tecnicamente viável, mas não é algo que se compra e instala, precisa ser construído ao longo do tempo. Isso quebra os modelos tradicionais de funil de vendas e exige a adoção de CRM preditivo, que antecipa necessidades antes mesmo do cliente expressá-las.
Principais desafios:
De Segmentação Estática para Segmentação Dinâmica: O futuro da segmentação precisará ser dinâmico e adaptável, com modelos preditivos e IA ajustando ofertas e comunicações em tempo real com base no comportamento individual. Para que isso funcione, tecnologia e integração de dados serão fundamentais.
Personalização em escala: Se um Alpha interage com uma marca e percebe que ela não o entende de forma única, ele pode rapidamente perder o interesse. Isso exige um uso intensivo de IA generativa e automação para criar jornadas hiperpersonalizadas sem depender de ajustes manuais por grandes equipes.
Marketing digital: Mais do que nunca, será essencial entregar mensagens no momento certo, no canal certo e no contexto certo, levando em conta humor, intenção e a experiência desejada pelo consumidor.
A personalização precisa ir além do nome no e-mail, deve se tornar uma experiência fluida e contínua. Quem não acompanhar essa evolução corre o risco de se tornar irrelevante para essa nova geração.
A Geração Z já exige controle sobre seus dados. A Geração Alpha, exposta desde cedo à coleta massiva de informações, pode exigir novas regulamentações de privacidade?
Denys: A Geração Alpha deve liderar uma nova era de regulamentações de privacidade digital. Diferente da Gen Z, que despertou para o tema na adolescência, a Alpha já nasce monitorada por dispositivos e apps, com dados coletados desde cedo — de localização a estado emocional.
Isso pode impulsionar transformações legais e éticas profundas, com impacto em empresas e governos, exigindo inovação responsável desde o primeiro clique.
Entre os principais impactos esperados:
– Evolução de leis como LGPD, GDPR e COPPA para novas tecnologias.
– Novas normas focadas na proteção digital de crianças e adolescentes.
– Avanço de modelos descentralizados de privacidade, com cada pessoa controlando seus dados, viabilizados por tecnologias como Web3.
A Alpha pode transformar o controle de dados em um direito básico. Quem não se adaptar, perde relevância.
A entrevista com Denys deixa claro que o debate sobre Geração Z vs Geração Alpha envolve tecnologia, comportamento, ética e privacidade. As marcas que não se adaptarem às expectativas dessas novas gerações — mais conscientes, exigentes e críticas — correm o risco de se tornarem irrelevantes em um mundo guiado pela personalização e pela autonomia digital.
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